sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Os piores cegos (Carlos Chagas - Tribuna da Imprensa)

Diz o ditado ser o pior cego aquele que não quer ver. Faz algum tempo a mídia internacional e nacional preocupa-se em denegrir a China, seguindo determinações dos potentados econômicos governamentais e multinacionais empenhados em diminuir os efeitos das Olimpíadas na cabeça dos quatro bilhões de telespectadores que formam a opinião pública mundial.

Representa um golpe político esse sucesso de organização, um espetáculo jamais visto, e, ainda por cima, gerando mais medalhas de ouro para os chineses do que para os Estados Unidos. Ou a China, apesar de todas as mudanças, não continua sendo um regime comunista?

Dentro dessa obstinação de negar o óbvio, os meios de comunicação valem-se de tudo, desde ressuscitar a campanha contra a ocupação do Tibet, verificada há quase cinqüenta anos, até denunciar a existência de um estado policial, de partido único, de censura à imprensa e de pouca atenção aos direitos individuais.

Nem é preciso perder espaço para concordar com essas críticas, ainda que, no reverso da medalha, deva-se constatar que na China nem um só do bilhão e trezentos milhões de habitantes passa fome, está desempregado, sem escola ou hospital. E ainda por cima podem ganhar dinheiro e dar ao Ocidente à oportunidade de ganhar muito mais.

O problema é que nossa mídia anda exagerando. Outro dia, importante jornal estampou na primeira página que a China havia renegado o comunismo, nem ao menos citando Mao Tse-Tung na apresentação simbólica da história da nação. Pois agora a mentira está sendo engolida. Primeiro porque não se passa um dia sem que, dezenas de vezes, a TV chinesa mande para o planeta inteiro a principal abertura de sua programação, o muro de entrada da Cidade Proibida, em Pequim, com imenso pôster de Mao no centro da tela. Mas tem mais.

Ainda ontem acusaram os organizadores das Olimpíadas de manipuladores por haverem substituído Yang Peiyi por Lin Miaoji, duas menininhas, uma que cantou e outra que apareceu fingindo cantar, na abertura dos jogos. A razão é que a cantora era feia e a outra, bonita. Estão batendo nessa tecla até hoje, mas esquecidos do principal: qual era a canção? Uma exaltação a Mao e à revolução de 1949.

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